Você já deparou que algumas pessoas com câncer morrem de forma inesperado, mas outras com diagnósticos menos favoráveis sobrevivem? Talvez muitas vezes isso pode ser explicado pela relação entre o câncer e a mente, emoções e o câncer. Será que existe alguma base científica para a gente acreditar que emoções positivas têm efeitos fisiológicos específicos?

Sobre as emoções negativas, já sabemos que a ira tem relação com a produção de noradrenalina, e o medo ou ansiedade tem a ver com adrenalina. Emoções positivas se relacionam com acetilcolina fora do cérebro, que produz relaxamento muscular, e tem que ver com as endorfinas e a serotonina no cérebro.
O câncer não é apenas uma doença. São diversas doenças inter-relacionadas, diversas alterações que acabam gerando um câncer. Pode haver uma predisposição genética, muito estresse na infância, uma alimentação de má qualidade nutritiva, um ambiente contaminado, o ar contaminado, radicais livres, tabagismo, abuso do álcool e outros fatores. O câncer é uma indicação de que existe alguma outra coisa disfuncional do estilo de vida da pessoa.
Lawrence LeShan foi um psicólogo que trabalhou mais de 20 anos só com pacientes terminais, e em um de seus estudos com 152 pessoas com câncer ele verificou que algumas atitudes mentais tinham uma influência negativa naqueles pacientes com câncer.
O estudo chegou a algumas conclusões interessantes sobre a postura emocional ou mental encontrada nas pessoas avaliadas, que desenvolveram algum tipo de câncer. Vamos ver algumas desses resultados desse estudo. Dessas 152 pessoas 109, ou seja 72%, tinham perdido a razão para viver, e tinha incapacidade de estabelecer novos relacionamentos. Pode ter havido tentativa de encontrar relacionamentos substitutivos, mas falharam e a pessoa permaneceu isolada, mesmo cercada pela família e amigos, então quer dizer 72% das pessoas tinham uma solidão.
Encontrou-se que 71 dessas pessoas, ou seja 47%, quase metade dessas pessoas, tinham incapacidade de demonstrar hostilidade em sua autodefesa. Ou seja, tinha uma sensação de que seus desejos não mereciam ser defendidos, não sabiam se proteger. São aquelas pessoas que quando você pisa no pé delas, elas é que pedem desculpas, pessoas que não sabem ter atitude para se defender, até de pessoas hostígenas.
Também o estudo encontrou que 58 pessoas, ou 38% delas, apresentavam uma tensão, um stress importante pela morte de um dos pais. Para alguns indivíduos o tipo de vínculo emocional com o pai ou a mãe é tão entranhado, que quando um deles morre, o sofrimento do filho ou da filha é bem maior do que nas pessoas sem esse tipo de vinculação afetiva, as quais viveram também o luto psicológico e tristeza normal, mas sem tanto sofrimento, e sem desespero. Então ele verificou que 38% das pessoas que desenvolveram câncer, elas tiveram muito sofrimento um tempo antes do câncer aparecer, como a morte do pai ou da mãe, por causa desse vínculo extremamente forte que tinha com esse genitor.

Verificou-se também que muitos do grupo estudado apresentavam autodesprezo, uma falta de autoconfiança, um não respeito pelas próprias realizações. São as pessoas que quando você elogia, por exemplo por estar com uma roupa bonita, elas falam assim: “Ah, comprei ali no bazar beneficente”, ou então quando as pessoas foram aprovadas no concurso e você as parabeniza elas falam: “Ah não foi tão difícil passar”, ou seja, elas sempre se desvalorizam. Então esse psicólogo trabalhando com essas pessoas com câncer verificou que muitas delas tinham essa postura mental de autodepreciação.
Outras pessoas que tiveram câncer no grupo estudado tinham uma sensação de desespero com a qual conviveram a vida toda, um desespero no sentido de olhar a vida com pessimismo, sem boas perspectivas para o futuro. E também o bom número dos pacientes avaliados revelaram que tinham mais emoções do que energia para expressá-las, e tinham pouquíssimos ou nenhum canal de expressão emocional, não tem ninguém com quem pudesse desabafar, ou seja, eles engoliam, reprimiam mais emoções do que deveriam ter feito, e alguns casos parece que explode no câncer.
O Dr. Samuel Silverman da Escola de medicina na Universidade de Harvard, ele fala assim:
Se houver uma tendência latente para desenvolver um câncer, a incapacidade para a expressar seus sentimentos irá atingir o corpo em algum ponto vulnerável.1)Brigando pela Vida – Aspectos Emocionais do Câncer”, Lawrence LeShan, Summus Editorial, 1994, p.74
Brigando pela Vida – Aspectos emocionais do Câncer.

Algumas atitudes mentais que ajudam na prevenção ou tratamento do Câncer do ponto de vista psicológico e emocional, são os seguintes:
- Ter um sentido para a vida maior do que o desejo de cura física.
- Refletir sobre como melhor maneira de ser útil com aquilo que a pessoa é, os talentos que já possui ou com que pode ser aprendido.
- Aprender, que se pode expressar emoções, opiniões e mesmo assim ainda ser amado e ser aceito.
- Adquirir autoconhecimento para viver com honestidade emocional, ou seja, não ficar enganando a si mesmo.
- Pensar o que que tá certo na minha pessoa o que que eu consigo fazer o quê que é bom para mim, olhar de uma forma positiva para aquelas coisas que Deus tem colocado em você, que são talentos, são coisas boas.
- Compreender se procurasse compreender e procurar amar-se, se perdoar, aceitar suas limitações, sem ficar brigando com você, sem ficar se criticando, sem ficar se depreciando.
- Também lutar para fazer mudanças comportamentais na vida, em busca do que você deseja, ao invés de permanecer numa situação sofrida ruim, mesmo que produz alguns benefícios, como por exemplo um ganho econômico.
Inclusive Dr Lawrence ele cita no livro dele uma médica que tinha uma especialidade, que ganhava bastante dinheiro. Depois ela teve um câncer de mama e ela descobriu que na verdade gostaria de trabalhar em uma outra especialidade, que ganharia menos dinheiro, mas ela decidiu mudar e aí ela teve a melhor sobrevida em relação esse câncer.
Ele cita o caso de uma outra mulher, uma advogada norte-americana muito bem-sucedida profissionalmente, economicamente, mas que também teve um câncer de mama, e durante a psicoterapia, essa ajuda psicológica, ela descobriu que ela sempre gostou de música. Então essa mulher decidiu abandonar o direito, o seu trabalho como advogada, e entrou na área da música.
Depois fazendo um estudo sobre essas pessoas que fizeram mudanças importantes na vida após um câncer, se verificou que elas tiveram uma sobrevida muito melhor, uma qualidade de vida muito melhor, uma recuperação desse câncer muito melhor do que aquelas pessoas que ficaram travadas e não fizeram essas mudanças. Então é importante de pensar de que é saudável para mente que influi o sistema imunológico, ganhar menos dinheiro, mas ser feliz naquilo que você faz. Pense nisso quando você decidir fazer mudanças em sua vida.

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Dr. Cesar Vasconcellos de Souza está trabalhando como psiquiatra e palestrante internacional. É autor de 3 livros, colunista da revista de saúde “Vida e Saúde” há 25 anos, e tem programa regular na TV “Novo Tempo”. Acesse mais conteudos no canal de Youtube.
Referências
↑1 | Brigando pela Vida – Aspectos Emocionais do Câncer”, Lawrence LeShan, Summus Editorial, 1994, p.74 |
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